Separação conjugal: O desafio quando se tem filhos

Quando um casamento acaba, nunca é fácil. O casal acreditava ter algo para a vida inteira e independente do porquê acabou, está doendo. São muitas dores, perdas, mudanças, incertezas. Tudo fica mais complicado quando se tem filhos. Como contar a eles? Como será essa relação com pais separados, um dos pais morando em outra casa?  

Não é um assunto fácil, mas ele precisa ser dialogado, tanto com crianças quanto com adolescentes. Eles também sofrerão perdas. A família se transforma de repente, diante dos olhos deles. Um dos pais sai de casa ou até mesmo eles se mudam para outro lugar. Os filhos algumas vezes nem percebem os conflitos e tensões que acontecem entre os pais. E caso percebessem, muito provavelmente o desejo deles era de que esses conflitos fossem resolvidos e tudo ficasse bem, talvez nem passou pela cabeça deles a possibilidade de o relacionamento dos pais acabar. Então, pegos de surpresa ou não com a notícia da separação, é doloroso para eles também. Qual a melhor decisão a ser tomada? Apenas comunicar aos filhos sobre a partida de um dos progenitores ou a mudança para uma nova moradia, sem a presença do pai ou da mãe, sem explicar nada? Seria melhor conversar e explicar tudo a eles, mesmo sabendo o quanto isso vai doer?  

Um estudo feito pela psicóloga Dra. Leticia Maria Torraca de Brito no Instituto de Psicologia da PUC do Rio de Janeiro em 2007 com filhos de pais separados, mostra através do relato desses filhos o quanto é comum que os pais não esclareçam nada a eles. Outro fato relatado pelos filhos foi que eles só ficavam sabendo de uma versão da história, quem ficava com a guarda deles contava como tudo aconteceu de acordo com seu ponto de vista e o outro genitor não tinha essa oportunidade. A autora do estudo afirma a importância do diálogo, permitir que eles façam perguntas e sejam respondidos. (Brito, 2007).  

É compreensível que a raiva e a magoa estejam presentes, e o casal não esteja muito disposto a conversar, porém o papel de pais sempre será existirá mesmo quando o relacionamento do casal acaba. Seria a melhor decisão para seus filhos ver os pais brigando, se acusando e julgando? Ou seria melhor os dois conversando civilizadamente com eles, explicando como tudo vai funcionar daqui para frente e também deixando claro que o amor de vocês por eles nunca vai acabar? Nesse momento seria interessante escutar e acolher seus filhos, permitindo a eles expressar os sentimentos sobre tudo isso. É um processo difícil, não dá para negar. Mas ele vai ajudar a tornar a relação com seus filhos mais forte.  Todos vão se adaptar a essa nova realidade, basta encontrar os recursos necessários para isso, como a psicoterapia. 

Existem profissionais capacitados para fazer uma escuta e acolhimento qualificados dessas demandas, e te auxiliar nesse processo tão doloroso, de perdas, de frustações. Estamos aqui, prontos para te receber. 

Referencias  

Brito, L. M. T. (2007). Família pós-divórcio: A visão dos filhos. Psicologia: Ciência e Profissão, 27(1), 32-45