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É quase impossível que alguém passe pela vida sem vivenciar o amor ou algum outro nível de afeto e cumplicidade com outras pessoas. Isso acontece porque desde a mais tenra idade, dependemos de outras pessoas e, portanto, estamos inseridos em um grupo pelo qual desenvolvemos afetos e formas de apego. O amor é, desse modo, um fator promotor de bem estar e se relaciona a bons níveis de saúde mental, mas nem sempre se estabelece de forma saudável. 

É possível compreender esse fenômeno ao observá-lo pela perspectiva da Teoria Triangular do Amor de Robert Sternberg. Segundo o autor, o amor se desenvolve a partir de três pilares: 

 

Intimidade: sentimento de confiança, segurança e conexão com o outro.

Paixão: desejo de se unir ao outro e de realização sexual.

Compromisso: decisão de amar ao outro e de manter esse amor a longo prazo.

 

Quando há um desequilíbrio em algum desses pilares, é possível que se estabeleçam níveis de dependência que podem ser relacionados a aspectos motivacionais, cognitivos, comportamentais ou afetivos. 

A dependência motivacional relaciona-se à necessidade de receber suporte, aprovação e orientação dos outros. Já o cognitivo diz da percepção que o sujeito estabelece a si mesmo como alguém incapaz e impotente frente às situações da vida. O pilar comportamental mensura a tendência a buscar ajuda externa e o nível de submissão nas relações, enquanto o nível afetivo diz da ansiedade frente a situações em que o sujeito precisa agir por iniciativa própria. 

Pode-se também compreender a dependência como genuína ou mediada: genuína quando há apenas uma patologia associada ao quadro ou mediada quando o sujeito é adicto em substâncias ou convive e depende de alguém que seja. 

A dependência emocional, também chamada de Transtorno de Personalidade Dependente (TPD), é um quadro multifatorial de dependência genuína caracterizado pelo estabelecimento de comportamentos excessivos de cuidado e atenção com o outro, renúncia aos interesses e atividades antes valorizados, manutenção de relacionamentos insatisfatórios e pouco recíprocos e dificuldade para iniciar atividades ou tomar decisões por conta própria. 

Esse transtorno afeta cerca de 24,5% da população e é mais incidente em mulheres do que em homens, muito embora a literatura considere que essa prevalência pode se relacionar com valores culturais. 

De modo geral, indivíduos que dependem emocionalmente de alguém despendem muito mais tempo do que gostariam ou consideram saudável cuidando de outras pessoas e sofrem por não conseguir controlar o comportamento patológico, muito embora possam ser cientes do mesmo. 

Tendem a ser exclusivos e submissos em seus relacionamentos, ou seja, mantém somente uma amizade significativa, somente um parceiro sexual, um amigo de trabalho… Também demandam acesso constante ao objeto de apego e uma grande necessidade de aprovação associada à baixa tolerância a frustrações. Outra característica comum é a idealização do parceiro e a escolha por pessoas de características egoístas, frios emocionalmente e excessivamente autoconfiantes. 

Ao estudar o transtorno, Skinner (1941/1984) propôs três níveis de determinação: 

 

Filogenético: Há um valor biológico no apego e na dependência, uma vez que os bebês dependem das mães para sobreviver. Isso poderia criar uma predisposição humana para desenvolver vínculos emocionais e afetivos com outros seres humanos. 

Ontogenético: As formas de apego aprendidas na infância modelam o comportamento dos indivíduos, bem como os relacionamentos posteriores. Desse modo, o histórico de reforçamento dos comportamentos de apego podem explicar padrões de comportamento disruptivo. 

Cultural: Há um grupo de comportamentos associados aos relacionamentos (sejam estes amizades ou namoros) que são estabelecidos socialmente e reforçados pela comunidade verbal, podendo se instaurar de forma disfuncional na vida do sujeito. 

 

Outra explicação encontrada na literatura científica é relacionada a uma predisposição neurológica à dependência afetiva, uma vez que os sentimentos amorosos ativam as mesmas vias neurais de processamento que são ligadas ao uso de substâncias psicoativas, o que ativa o sistema de recompensas do cérebro e pode produzir sintomas de dependência similares ao de adictos em substâncias químicas. 

Isso explica o motivo pelo qual pessoas diagnosticadas com um quadro de dependência emocional apresentam sintomas de taquicardia, sudorese, insônia, tensão muscular, dores de cabeça, letargia e etc. diante de sinais de ameaças de abandono ou término de relacionamentos. 

Além dos sintomas descritos anteriormente, é possível que pessoas afetadas por este transtorno estabeleçam um padrão de possessividade e ciúmes em seus relacionamentos, de modo que a dependência emocional se torna fator de risco tanto para que realizem quanto para que sofram violência doméstica e permaneçam nos relacionamentos. Além disso, têm maiores chances de desenvolverem comportamentos autodestrutivos e psicopatologias como a depressão. 

Devido à amplitude dos impactos da dependência emocional na qualidade de vida das pessoas, a psicoterapia individual é essencial no tratamento. É imprescindível que sejam trabalhadas a autoestima, as habilidades de autogerenciamento e autocontrole para devolver qualidade de vida e de relacionamentos para o sujeito. Para isso, nós, da DF Psicologia, estamos prontos para te acolher e ajudar.

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