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O termo “narcisismo” é proveniente da palavra grega Nárke, que significa entorpecimento e foi utilizada para narrar a história de Narciso. Segundo o mito, ao nascer, o menino recebeu uma profecia de que viveria muito, desde que não conhecesse a si mesmo, pois seria vítima de uma maldição fatal. Muitos anos depois, a ninfa Eco se apaixonou por Narciso e foi desprezada pelo rapaz, que não considerava mulher nenhuma como digna de seu amor e companhia. Enraivecida, Eco pediu a ajuda de Nêmesis para lançar uma maldição que o levou a se apaixonar pela sua própria imagem refletida nas águas de um rio. Este amor por si próprio o enlouqueceu, fazendo-o definhar até a morte.

Na psicopatologia, a palavra foi utilizada pela primeira vez pelo psiquiatra Paul Näcke para qualificar uma perversão na qual um indivíduo zela pelo seu próprio corpo como faria frente ao corpo de um objeto sexual. Com o tempo, esse conceito assumiu uma representação social negativa, pois ser narcisista era ser contrário aos ideais sociais vigentes de amor ao próximo, humildade e altruísmo.

Contudo, no ano de 1914, Freud postula que o narcisismo é um elemento constitutivo da própria personalidade, cuja função é a autopreservação do sujeito e formação de vínculos sociais.

Em Introdução ao Narcisismo, Freud esclarece que o narcisismo, dividido em primário e secundário, é um estado psicológico contínuo que faz parte do desenvolvimento humano e é fundamental para o estabelecimento da autoestima positiva e do amor-próprio. Na vida adulta, a formação de um narcisismo adaptativo liberta o jovem para desenvolver suas metas, promove resiliência para lidar de forma produtiva com críticas e dificuldades e aumenta a motivação para atividades. 

Atualmente, alguns teóricos questionam se o narcisismo não seria uma tipologia psíquica originária da sociedade pós-moderna que é caracteristicamente muito permissiva. Todavia, o contexto de atendimento psicológico tem encontrado grandes números de ocorrência de patologias narcísicas, relacionadas a um estado de desamparo (queixas de vazio, medo do abandono etc.) que levam à compreensão de que o narcisismo é um estado que pode ir do normal ao patológico, acarretando sofrimento tanto para a pessoa que sofre com o transtorno quanto para as pessoas à sua volta.

 

O Transtorno de Personalidade Narcísica - TPN

 

 

Compreende-se que o grau patológico se manifesta quando as necessidades primárias da criança são frustradas por fatores adjacentes como a falta de sustentação afetiva e de acolhimento ou pelo estabelecimento de uma relação invasiva com os pais/cuidadores. Estes fatores podem levar ao desenvolvimento de estratégias de coping e esquemas mentais desadaptativos, como a privação ou inibição emocional, insegurança, isolamento social, vergonha e outros. 

Neste estado, o sujeito se recusa a abdicar das concepções de perfeição narcísica da infância e vive uma eterna busca por esses fatores que não foram supridos, adotando um self desadaptativo, anômalo e grandioso que o protege contra a novas frustrações através da criação de um mundo interno perfeito e idealizado no qual o sujeito se basta, ou seja, é totalmente autossuficiente. 

O indivíduo que desenvolve um Transtorno de Personalidade Narcísica (TPN) tende, portanto, a apresentar uma autoestima exagerada e fantasias de grandeza que se contrapõe a uma grande necessidade de aprovação. Os comportamentos de desvalorização do outro também são formas de se engrandecer e causam grandes impactos sobre as relações e os laços afetivos que essa pessoa estabelece durante a vida. Outros sinais são a ausência de empatia, sensibilidade aflorada a críticas e frustrações e tendem a evitar situações nas quais possam falhar. 

Errar pode significar uma exposição desse self engrandecido à realidade de que não se pode ser perfeito e, consequentemente, o medo da falha se torna um fator gerador de sofrimento psíquico que é encoberto pela função de defesa exercida pelo narcisismo.

Na tentativa de lidar com esse medo, o indivíduo acaba por se recolher nos estados depressivos, na postura de vítima da sociedade e dos outros e na relação com objetos externos, observando o desmoronamento de suas ilusões e de sua sustentação emocional à medida que se desnudam seus sonhos, objetivos, erros e suas memórias. Compreende-se, assim, que o Transtorno de Personalidade Narcísica se configura como uma vivência muito dolorosa e persistente para o sujeito. 

Diante de experiências tão sofridas e desafiadoras quanto estas, é preciso encontrar, na psicoterapia, um ambiente onde possam se desenvolver os aspectos negligenciados do self, providenciando-lhe experiências de afeto, autonomia, alegria, limites e apoio afetivo e emocional. O tratamento é uma jornada desafiadora de autoconhecimento e compreensão de como se estabelecem suas relações consigo mesmo e com os outros e, por isso, estamos aqui, prontos para te acolher.

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